A CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – nasceu do objetivo de criar um diálogo tri-continental permanente entre os sete países de língua portuguesa espalhados pelo mundo, situados na África, Europa e América. Esse processo ganhou impulso decisivo na década de 1990, com o empenho do então embaixador do Brasil em Portugal, José Aparecido de Oliveira. José Aparecido dava vida ao antigo sonho visionário do português originário Agostinho da Silva.
O primeiro passo para sua consolidação foi dado em São Luís do Maranhão, em novembro de 1989, durante a realização do Primeiro Encontro dos Chefes de Estado e de Governo dos Países de Língua Portuguesa – Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe. O Encontro foi promovido pelo presidente José Sarney, com a mobilização de seu ministro da Cultura, o mineiro José Aparecido de Oliveira. Ali nasceu o Instituto Internacional da Língua Portuguesa, que se ocupa da promoção e difusão do idioma, e tem sua sede em Cabo Verde.
Tornou-se imperativo, a partir daí, irmanar os países que tem herança histórica e o idioma comum. Assim, em fevereiro de 1994, os sete ministros dos Negócios Estrangeiros e das Relações Exteriores dos países de língua portuguesa, reunidos pela segunda vez no Brasil, agora em Brasília, formalizaram o processo para a criação da CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. O que só veio acontecer oficialmente no dia 17 de julho de 1996, em reunião dos sete chefes de Governo em Lisboa, Portugal. Seis anos depois, com a conquista de sua independência, o Timor-Leste tornou-se o oitavo país membro da Comunidade, no dia 20 de maio de 2002. A inclusão da Guiné Equatorial só viria a ocorrer em 2014.
O maior desafio da CPLP foi erigir uma organização multilateral, fundamentada em laços culturais e alicerçada pelo idioma, dentro de um universo econômico, educacional e cultural tão distinto entre seus países. Para essa consolidação, a lusofonia foi a grande motriz dessa união e estruturação da CPLP como entidade internacional. Junto à lusofonia, outras duas organizações linguísticas, a francofonia e a commonwealth (anglófona), foram a amalgama que fundamentou a união entre os países. Vale destacar que o acordo ortográfico, universalizando a escrita entre os países de língua portuguesa, foi um passo dos mais importantes para a sua consolidação como entidade internacional e ponto de intercessão comum entre as nações.
No próximo ano a CPLP terá um novo secretário-geral, que encontrará uma entidade estruturada, com representatividade mundial e protagonismo institucional em seus países membros. Vale a ele dar continuidade ao sonho de Agostinho da Silva, fortalecendo o multilateralismo e o intercâmbio entre os países e governos; ampliar o aprendizado e a difusão da língua portuguesa no mundo, por meio de centros de aprendizado físicos e virtuais, além do intercâmbio entre as universidades e instituições de ensino; aproximar os povos, ampliando a comunidade lusófona, fortalecendo a presença política, a defesa do idioma e a inclusão do português como uma das línguas oficiais da Organização das Nações Unidas.
Presente em todos os continentes do planeta, multiplicada pela grande diáspora, a CPLP se faz presente em quase todos os países do mundo, sendo a encarnação dos versos de Fernando Pessoa, pois a nossa pátria é e sempre será a nossa língua.
José Fernando Aparecido de Oliveira é prefeito de Conceição do Mato Dentro e presidente da AMIG – Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil