‘Se não adotarmos essas medidas, pessoas vão morrer na rua’, diz Zema sobre prefeituras fora da Onda Roxa

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), reafirmou em entrevista exclusiva à EPTV Sul de Minas, Afiliada Rede Globo, nesta quinta-feira (18), que as regras impostas pela Onda Roxa são obrigatórias para todos os municípios. Ainda segundo o governador, caso as restrições não sejam cumpridas, a situação do sistema de saúde que ele já classifica como ‘em colapso’, pode ficar ainda mais dramática, com o risco até de pessoas morrerem nas ruas.

“O que nós estamos esperando é que o número de novos casos caia expressivamente e consequentemente o número de pessoas que procuram o atendimento hospitalar, para que ninguém corra o risco de falecer na calçada, porque o que pode acontecer caso a gente não tenha essas mudanças que estamos implementando, é que as pessoas daqui a pouco vão falecer na rua, porque não há condição de dar o atendimento que as pessoas merecem com dignidade necessária e quanto mais o vírus circula mais cepas novas vão surgir, o vírus é mutante, já está claro isso, então nós estamos não só ajudando a salvar vidas, como a evitar o surgimento de vírus mais agressivos que surgem em uma situação igual essa”, disse o governador.

No Sul de Minas, pelo menos três cidades seguem sem aderir à Onda Roxa que passou a valer no estado desde quarta-feira (17). Uma delas é Varginha, que divulgou um novo decreto com restrições, mas não aderiu às regras do governo. Ainda segundo Romeu Zema, o Ministério Público e a Justiça vão trabalhar para que todos os municípios sigam as regras do estado.

“Nós temos a Onda Roxa que é uma onda impositiva para todo o Estado. É lógico que nem todos seguem o que é determinado e vai caber ao Ministério Público juntamente com o Tribunal de Justiça estar analisando esses casos, que com certeza, deverão ser revertidos. Nós estamos em uma situação extremamente crítica e a nossa prioridade é salvar vidas. É uma decisão difícil que afeta muito a vida das pessoas que eu gostaria de não ter tomado, mas como você deixa de tomar uma decisão que visa a salvar vidas? Então eu tenho certeza que o bom senso, dessa prioridade que é a vida humana, vai prevalecer”, disse o governador.

Recorde de casos e protestos

Nesta quinta-feira, o Sul de Minas voltou a bater recorde de novos casos da Covid-19 após quase dois meses. Foram mais de 1,9 mil novos casos confirmados na região. Romeu Zema também comentou o caso de Poços de Caldas, que aderiu à Onda Roxa, mas que registrou protesto de comerciantes que se aglomeraram em frente à prefeitura contra a decisão.

“Eu vejo que esse momento demanda união, que esse momento demanda nós avaliarmos como está a situação da saúde no estado, que está em colapso, nós não temos nenhuma região do estado hoje que tenha folga no sistema de saúde e vejo que priorizar qualquer atividade econômica neste momento é você estar colocando em risco a vida das pessoas. É uma decisão difícil, temporária e necessária neste momento. Nós não estamos determinando uma restrição de circulação por dois meses, nós estamos solicitando, impondo por 15 dias para podermos salvar vidas”, disse o governador.

O que eu peço que as pessoas tenham essa consideração por esse momento único. Se nós não adotarmos essas medidas, essas pessoas vão morrer na rua. Então nós estamos fechando agora para daqui a poucos dias podemos reabrir com segurança”, completou o governador.

Aberto a sugestões

Ainda durante a entrevista, o governador afirmou estar aberto para receber sugestões de quem é contra a imposição e afirmou que não tem alternativas.

“Se essas pessoas que estão contra trouxerem uma solução pra mim, eu estou disposto a escutá-los e nós encontrarmos um novo caminho. Até o momento, infelizmente, nós não encontramos outra solução e a solução definitiva só virá com a vacina, que está ampliando a velocidade, mas ainda vai levar algumas semanas para surtir efeito. Então nós estamos abertos aqui, eu quero que alguém me traga solução, porque criticar, mandar pedra, é muito fácil”, disse Romeu Zema.

Veja abaixo mais tópicos da entrevista do governador à EPTV:

Novo secretário

“O Fábio já fazia parte da equipe, o que nós tivemos foi uma substituição que não mudou em nada o andamento dos trabalhos, a linha de trabalho. Estivesse aqui o antigo secretário ou o Fábio, a linha seria a mesma. Nós estamos aqui tomando decisões em cima de fatos e não porque uma pessoa acha isso ou aquilo. Qual a solução para um momento como esse em que não há mais leitos disponíveis? Qual a solução? Ampliar leitos? Nós até temos hospitais com leitos disponíveis, mas não se encontram médicos, entram me tragam médicos aqui. O que eu quero é que fique claro, são decisões técnicas, decisões que foram evitadas ao máximo. Tanto é que nós já temos um ano de pandemia e nunca tomamos uma decisão tão dramática como essa, tomamos agora sim porque não há outra solução”.

Prazo para vacinação

“E quero lembrar o seguinte, nós já nadamos um oceano, já estamos na praia, que está à vista e temos agora de caminhar mais esses 15 dias até que o processo de vacinação tome mais velocidade, mais vacinas estão chegando e que nós possamos depois voltar à vida normal. Eu tenho certeza de que se o Ministério da Saúde entregar aquilo que ele se comprometeu em termos de vacina, no mês de maio o Brasil já tem condição de estar retomando a sua vida quase que normal, porque a grande maioria das pessoas que têm risco, já terão sido vacinadas e com isso o sistema de saúde consegue operar normalmente”.

“Nenhum laboratório está assumindo compromisso de entregar as vacinas dentro desse prazo crítico. Os laboratórios querem fornecer vacina, mas já alegaram também que caso o Governo Federal solicite, todas essas vacinas serão entregues ao Governo Federal. Então nós temos vários estados, algumas cidades negociando vacinas, mas pode ser que elas cheguem já no momento em que não serão necessárias, mas nós estamos aqui fazendo todo o esforço”

“Eu quero deixar muito claro: nenhum mineiro ficará sem vacina, nenhum mineiro será vacinado depois de outros brasileiros. Nós temos um programa nacional e estamos fazendo tudo que está ao nosso alcance para que o povo mineiro tenha a sua vacina o quanto antes”.

“A previsão do Ministério da Saúde é que isso ocorra já no segundo semestre, vai depender muito da capacidade produtiva, principalmente do Butantan, da Fiocruz, o mundo inteiro está correndo atrás de vacinas, novas indústrias estão se adaptando para produzir e eu gostaria muito que isso acontecesse no espaço menor de tempo, em vez de ser no segundo semestre, fosse em 90 dias, 120 dias, mas é algo que não é possível se prever neste momento. Nós temos vários países correndo atrás do mesmo produto e o Brasil infelizmente entrou atrasado nessa corrida. Lá atrás quando a pandemia chegou, o Brasil deveria ter se preparado melhor, e hoje infelizmente estamos pagando esse preço. Mas temos nos organizado e feito tudo que está ao nosso alcance”.

Onda Roxa no Sul de Minas

Pelo menos três cidades do Sul de Minas seguem sem aderir à onda roxa do Programa Minas Consciente, criado pelo Governo Estadual. As cidades são: Varginha, Carmo do Rio Claro e São Sebastião do Paraíso (MG).

As medidas começaram a valer nesta quarta-feira (17) em todo o estado. Guaxupé e Campo do Meio que não haviam aderido à onda roxa até o período da manhã decidiram pela adesão às regras impostas pelo governo do estado ainda nesta quarta-feira (17).

Em Varginha (MG), a administração municipal informou em coletiva de imprensa que entende que a imposição feita pelo Governo de Minas é inconstitucional.

A assessoria de imprensa da Prefeitura de Carmo do Rio Claro (MG) disse que as imposições feitas pelo governador não se adequam a realidade do município.

A Prefeitura de São Sebastião do Paraíso publicou nas redes sociais um decreto municipal que permite o funcionamento do comércio não essencial de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h e aos sábados, das 9h às 13h. O decreto também impôs toque de recolher da 20h às 5h.