Fim do ciclo: em consenso com a diretoria, Felipão deixa o comando do Cruzeiro

Felipão não é mais o técnico do Cruzeiro. Em comunicado divuglado na manhã desta segunda-feira (25), a diretoria da Raposa informou que chegou a um acordo com o treinador para o encerramento do vínculo, que ia até dezembro de 2022.

Luiz Felipe Scolari iniciou a segunda passagem pelo clube celeste em 15 de outubro de 2020. Na ocasião, ele chegava para ser o quarto técnico da temporada, em um momento em que o time ocupava a vice-lanterna da Série B, com apenas 12 pontos em 16 jogos.

Desde o início, o experiente comandante deixou claro que o principal objetivo era tirar a equipe celeste das últimas posições, livrando-a do rebaixamento.

E a missão foi cumprida. Mesmo com um futebol pobre, sem muita inspiração, Felipão ajudou o Cruzeiro a se garantir na próxima Série B com duas rodadas de antecedência.

Apesar de ter alcançado a principal meta, o trabalho de Luiz Felipe na Toca da Raposa II deixa o sentimento de que poderia ter trazido ainda mais frutos. Isso porque, logo que assumiu, Scolari conseguiu uma rápida reação, com seis vitórias, quatro empates e apenas uma derrota nos 11 primeiros jogos.

Sonho frustrado

O bom aproveitamento fez com que a torcida celeste sonhasse com o acesso à Série A. A diferença para o quarto colocado chegou a cair para sete pontos.

Entretanto, a Raposa passou a oscilar na competição, especialmente nos jogos dentro de casa, e jamais conseguiu efetivamente entrar na briga pelo G-4.

Na segunda passagem pela Raposa, Luiz Felipe Scolari obteve nove vitórias, oito empates e quatro derrotas, contando o empate em 0 a 0 com o Juventude no primeiro turno, no Mineirão, em que já estava contratado, participou de preleção, mas viu o time ser comandado à beira do campo pelo auxiliar técnico permanente do clube, Célio Lúcio.

Os 35 pontos conquistados, em 63 disputados, dão um aproveitamento de 55,5% dos pontos para Scolari, nesta Série B.

Somando o primeiro ciclo do treinador da Raposa, entre 2000 e 2001, ao todo, são 96 jogos com 49 vitórias, 31 empates e 16 derrotas.

Críticas e indefinição

Na reta final da Série B, mesmo com um longo contrato em vigência, Felipão começou a deixar em aberto sua permanência no comando do Cruzeiro.

Em várias entrevistas após as partidas, o treinador deixou claro a insatisfação com os problemas extracampo do clube estrelado, especialmente em relação aos atrasos salariais.

A garantia de que a diretoria lhe desse um time competitivo para a próxima temporada também era uma condicionante para a continuidade do trabalho do técnico pentacampeão mundial com a Seleção.

Mesmo cuidadoso com as palavras, tentando amenizar a crise entre jogadores e diretoria, Felipão era incisivo nos recados à cúpula celeste.

Nos últimos jogos, a definição sobre o “fico” de Scolari aumentou, levando-se em consideração de que o time celeste está a pouco mais de um mês de estrear na próxima temporada.

A expectativa era de que uma decisão fosse tomada assim que o Cruzeiro se livrasse matematicamente de qualquer risco de rebaixamento, o que ocorreu com a vitória por 2 a 1 sobre o Operário-PR, na última quarta.

O desfecho demorou mais cinco dias para sair, com Felipão ainda dirigindo a Raposa no empate em 0 a 0 com o Náutico, nesse domingo.

A iminente ruptura do vínculo foi divulgada na manhã desta segunda, com a Raposa ainda tendo mais um jogo a disputar na Série B, nesta sexta, às 21h30, contra o Paraná, no estádio Durival de Brito.

Felipão se manifesta

Por meio de sua assessoria de comunicação, Luiz Felipe Scolari se manifestou sobre a saída do Cruzeiro. Sem explicar o motivo da rescisão, como o Cruzeiro também não o fez, Scolari destacou o êxito na missão de livrar a Raposa da queda à Série C.

“Quando em outubro recebi em Porto Alegre o presidente Sérgio e diretoria, eu disse sim ao plano de construção de um novo Cruzeiro EC. Sabia do desafio que era recuperar o time na Série B. Naquele momento havia uma grande ameaça de queda para a Série C. Todos nós naquela reunião assumimos o compromisso com este projeto. Um trabalho organizado onde todos deveriam dar sua contribuição, cada um no seu setor. Aceitei retornar com enorme prazer em ajudar e trabalhar pelo clube. Conseguimos recuperar o time na série B”, disse.

“Agradeço aos atletas que ficaram aqui, que aceitaram nosso convite, aos integrantes da comissão técnica, funcionários e torcedores. Agradeço a todos que nos ajudaram na recuperação do time no campeonato. Desejo sucesso ao Cruzeiro EC para a próxima temporada”, completou o agora ex-treinador do time celeste.

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