HMCC: hospital é referência no incentivo ao parto normal visando o bem-estar materno e infantil

Unidade realiza, em parceria com a Secretaria de Saúde do município de Itabira, ações que buscam ampliar o conhecimento das gestantes para os benefícios do parto natural

No ranking mundial dos países que mais realizam partos cesarianas, o Brasil está em segundo lugar na classificação, com cerca de 57% dos procedimentos realizados, enquanto a proporção recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de até 15%. Segundo as orientações da OMS, há um risco seis vezes maior de complicações graves para a mulher, associadas à cesariana, especialmente quando o procedimento é realizado sem indicação médica.

Em meio as responsabilidades do Hospital Municipal Carlos Chagas, administrado pela Fundação São Francisco Xavier, que opera na cidade de Itabira, a unidade oferece orientações e atendimentos especializados para o incentivo e benefícios da adesão ao parto normal às gestantes que são assistidas na maternidade. A unidade hospitalar, que realiza 100% dos atendimentos por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), reconhecendo a importância de informar e capacitar as mamães, tem implementado ações específicas para apoiar essa causa. De janeiro até novembro de 2023, a unidade hospitalar alcançou 54,5% a média de partos naturais realizados e 45,5% para procedimentos de cesarianas. 

Para a médica ginecologista e obstetra da unidade, Rayane Freitas, um dos grandes benefícios do parto normal para a mulher é a recuperação mais rápida, além de promover maior vínculo duradouro entre mãe e filho, que se inicia desde o momento do nascimento. A especialista destaca ainda as vantagens do parto normal também para o bebê, que apresenta, por exemplo, menos chances de desenvolver problemas respiratórios. “É preciso levar a informação, sensibilizar a sociedade sobre a importância de esperar o trabalho de parto espontâneo e evitar cesarianas desnecessárias. Esse é o nosso papel no HMCC. Existe um mito de que o parto normal é um procedimento de dor e sofrimento e que a cesariana é mais segura. Porém, é importante destacar que existem riscos consideráveis que podem acontecer nos partos realizados com cirurgia ou pelo uso de medicamentos durante o procedimento”, pontua a médica. 

O hospital disponibiliza visitas agendadas, nas quais as gestantes podem esclarecer dúvidas referentes ao acolhimento e assistência obstétrica, além de ofertar palestras sobre os cuidados em relação ao preparo ao parto e cuidados iniciais com o recém-nascido. Também são realizadas, mensalmente na unidade, uma oportunidade para as mamães, acompanhantes e familiares solucionarem dúvidas e mitos sobre o nascimento do bebê. 

A maternidade do hospital conta com uma equipe multidisciplinar para acolher a paciente conforme sua necessidade: médicos obstetras, equipe de enfermagem (enfermeiros obstetras), psicologia, assistente social e nutricionista, com a finalidade de prestar assistência de qualidade de forma humanizada neste momento tão especial da vida do binômio mãe/bebê. Experiência que Caroline Lara Luz Simão vivenciou de forma integral com a chegada do pequeno Henrique, há três meses na unidade hospitalar.  

“Ainda na gestação eu já imaginava vivenciar a experiência do parto normal e, ter sido assistida pela equipe do HMCC durante o meu processo de parto foi fundamental para que tudo ocorresse bem. Fui atendida com todos os cuidados médicos, apoio emocional e contei com a presença do meu esposo ao meu lado, que fez toda a diferença”, reconhece Caroline. 

Além das iniciativas que assistem às gestantes quanto às indicações e orientações para a modalidade de parto recomendada pelo Ministério da Saúde, o HMCC oferece, ainda, por meio do SUS, os serviços de ligadura tubária, que de acordo com a indicação médica e com a mudança da lei em 2022, pode ser realizada de forma imediata depois do parto normal. Tal procedimento é realizado no hospital, na maioria das vezes por um corte na região do umbigo – deixando uma cicatriz muito pequena e discreta, possibilitando assim uma ótima recuperação para a paciente – menos dolorosa do que a cesárea.

“Fiz meu parto normal no HMCC e logo depois fui encaminhada para fazer a laqueadura umbilical. Eu pensava que precisava ter passado pela cesariana para fazer o procedimento na unidade. O método utilizado e a minha recuperação foram bem tranquilos”, destaca a paciente Letícia Geany da Silva. 

Parceria na assistência

Para somar aos atendimentos prestados pelo HMCC às gestantes, a unidade hospitalar conta com o apoio dos atendimentos desenvolvidos pela Superintendência da Vigilância em Saúde do município, por meio do Projeto Maternar, iniciativa fundamentada nos princípios do SUS e da Política Nacional de Humanização e do Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento, que é mediada pela Secretaria de Saúde do município.

O programa visa promover a educação e orientações abrangentes às gestantes e seus familiares sobre a importância dos cuidados no pré-natal, parto seguro, amamentação, cuidados com o recém-nascido, medicação, imunoprevenção (prevenção de doenças), entre outros temas pertinentes à gestação. A equipe do Maternar é formada por médicos, enfermeiros, farmacêuticos, nutricionista, assistente social, psicólogo e diretoria de óbitos. No município de Itabira, o Maternar iniciou suas atividades em maio deste ano, e já assistiu cerca de 600 gestantes, por meio de técnicas lúdicas e de diálogo, ações educativas, terapêuticas e de promoção à saúde, por meio de cuidados interdisciplinares para a saúde física e emocional das mamães.

Vantagens parto normal

O parto normal apresenta benefícios significativos para a mulher, como uma recuperação mais rápida e menos dolorosa, redução do risco de complicações como infecções e trombose, além da interação imediata com o bebê, evitando a transferência de medicamentos. Para o bebê, estudos sugerem que o parto natural comprime o tórax, ajudando na expulsão do líquido amniótico, promovendo a maturidade pulmonar, fortalecendo o sistema neurológico e imunológico, aumentando a atividade e a probabilidade de amamentação exclusiva. Além disso, a passagem pelo canal vaginal transmite a flora bacteriana da mãe, contribuindo para a formação da microbiota do bebê e reduzindo o risco futuro de diabetes tipo I, asma, alergias e doenças autoimunes.