Um homem negro de 40 anos morreu na noite de ontem após ser agredido por um segurança e por um PM temporário, fora de serviço, no supermercado Carrefour, na zona Norte de Porto Alegre, às vésperas do feriado da Consciência Negra. Os agressores foram presos, suspeitos de homicídio doloso.
A vítima, identificada como João Alberto Silveira Freitas, teria discutido com a caixa do estabelecimento e foi conduzida pelo segurança da loja até o estacionamento, no andar inferior. Um cliente, policial militar temporário – funcionário contratado pela Brigada Militar por tempo determinado, para atividades administrativas -, acompanhou o deslocamento, que acabou no espancamento de Freitas.
Durante o percurso, acompanhado por uma funcionária do Carrefour, Freitas teria desferido um soco contra o PM, segundo afirmou a trabalhadora, em depoimento à polícia. “A partir disso começou o tumulto, e os dois agrediram ele na tentativa de contê-lo. Eles (o PM e o segurança) chegaram a subir em cima do corpo dele, colocaram perna no pescoço ou no tórax”, disse o delegado plantonista Leandro Bodoia. A cena vem sendo comparada nas redes sociais ao que aconteceu com George Floyd, que morreu sufocado por policiais nos Estados Unidos.
Vídeos que mostram o espancamento e a tentativa de socorristas de salvarem o homem circulam nas redes sociais desde a noite de ontem. As imagens mostram Freitas recebendo de um dos homens vários socos na região do rosto, enquanto o outro tenta segurá-lo. Uma mulher que estava usando proteção facial é vista perto deles, assistindo às agressões. Funcionários do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) chegaram a se deslocar até o local, fizeram massagem cardíaca, mas ele acabou não resistindo. O laudo pericial deverá apontar a causa da morte de Freitas.
A esposa dele o acompanhava e já foi ouvida, mas disse que não presenciou as agressões. Ela afirmou à Rádio Gaúcha que o marido chegou a gritar: “Me ajuda”.
A mulher relatou à polícia que estava longe dele quando houve o desentendimento no caixa. “Ele (Freitas) chegou a fazer sinal para ela, mas achou que era brincadeira, nada de mais”, afirmou o delegado. O PM temporário e o segurança foram levados à delegacia, mas permaneceram em silêncio durante depoimentos.Os dois estavam acompanhados de uma advogada e permanecem presos.
“Informações que foram colhidas com a equipe de peritos desse caso e que não tem ainda o laudo concluído, apontam suposições sobre a causa da morte de que ele possa ter tido um ataque cardíaco em função das agressões e porque ele ficou custodiado com duas pessoas em cima. Talvez tenha sido essa a causa da morte”, disse a delegada Roberta Bertoldo, responsável pela investigação. A polícia aguarda o laudo pericial e mais imagens de câmera para esclarecer o caso. A investigação segue com a 2ª DHPP (Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa).
A polícia aguarda o laudo pericial e mais imagens de câmera para esclarecer o caso. A investigação segue com a 2ª DHPP (Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa). Freitas era participante de uma torcida organizada de futebol em Porto Alegre, do clube São José, e foi homenageado com posts com mensagens como “vidas negras importam” e a convocação de um protesto: “Amanhã estaremos no Carrefour Passo D’areia o dia todo, não vai ficar assim, queremos justiça, fizeram covardia com 1 irmão, agora segurem o Bonde Da ZONA NORTE!”
Fonte: UOL