Em vídeo que viralizou, o pastor da Igreja da Lagoinha faz declarações discriminatórias contra a população LGBTQIA+
De acordo com o MPF, as plataformas têm prazo de cinco dias para remoção dos vídeos, sob pena de multa diária de R$ 1 mil, em caso de descumprimento. Os procuradores pedem ainda a condenação do pastor para que arque com os custos de produção e divulgação de contrapontos aos discursos feitos, a retratação pelas ofensas, e o pagamento de R$ 5 milhões por danos morais coletivos.
A argumentação levada à Justiça é que a pregação divulgada nas redes sociais ultrapassa em muito a liberdade religiosa e de expressão. “Qualquer manifestação religiosa que possa incitar violência ou discriminação deve ser combatida, contestada e reprimida pelos órgãos e autoridades do Estado visando a manutenção da estabilidade social e constitucional”, defende o MPF.
Para a Justiça, é público e notório que Valadão tem influência sobre um número significativo de fiéis e seguidores. “O vídeo no YouTube já acumulou cerca de 378 mil visualizações e 5,7 mil comentários. A postagem no Instagram, que promove a pregação, recebeu cerca de 200 mil ‘curtidas’, demonstrando uma disseminação ampla do vídeo e das publicações, causando efeitos negativos a um número indeterminado de pessoas”, aponta a decisão.
Antes do ingresso na via judicial, o MPF encaminhou ofício às empresas Meta Plataform (responsável pelo Instagram) e Google Brasil (responsável pelo YouTube), solicitando que elas moderassem o conteúdo divulgado de acordo com as suas próprias políticas. Mas o conteúdo não violou as Diretrizes da Comunidade, de acordo com o Google. Já a Meta não se manifestou sobre o pedido dos procuradores.
Pastor nega que tenha incitado violência
O pastor André Valadão afirmou nas redes sociais que vai acionar a Justiça contra “aproveitadores de plantão” críticos à pregação em que ele afirmou que se Deus pudesse, “matava tudo e começava de novo”, em referência às pessoas LGBT+.
“Aproveitadores de plantão estão usando o episódio de maneira distorcida para destilar seu ódio contra cristãos. Também jamais saiu da minha boca a expressão “e Deus deixou o trabalho sujo para nós””, que maldosamente inúmeras pessoas espalharam por ai. Essas responderão judicialmente. Basta assistir ao vídeo do culto para ver que essa frase nunca foi dita”, escreveu nesta segunda-feira (10).
O pastor voltou a negar que tenha insinuado que pessoas LGBT+ deveriam ser mortos por seus fiéis. “Não admito, nunca admiti e não autorizo que nossos fiéis agridam, firam, ofendam ou causem qualquer tipo de dano, físico ou emocional, a qualquer pessoa que seja. Repudio o uso de violência física ou verbal a pessoas por conta da orientação sexual”, afirmou o pastor.