Mais propenso às compras: cresce a intenção de consumo, mas dezembro é o pior mês da série histórica

O índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), medido pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), alcançou o patamar de 72,1 pontos em dezembro deste ano, o maior resultado desde maio de 2020, quando chegou a 81,7 pontos. Segundo a CNC, mesmo com essa recuperação, este foi o pior mês de dezembro da série histórica. Em relação a dezembro de 2019, houve retração de 25,1%.

De acordo com José Roberto Tadros, presidente da CNC, a confiança do consumidor vem melhorando, mas de forma lenta. “Nossa expectativa é de que, com a vacinação já planejada pelo governo, esse processo de retomada da confiança tenha continuidade, provavelmente se acelerando nos próximos meses”, garante Tadros.

E a possibilidade da retomada da normalidade, a partir da vacinação em massa, faz com que os consumidores tenham segurança em relação ao futuro, principalmente no tocante aos empregos. De acordo com a pesquisa, 32,8% dos entrevistados se sentem tão seguros com seu emprego quanto no ano passado. No levantamento feito em dezembro de 2019, o índice era de 25,9%.

Para Catarina Carneiro, economista da CNC, os resultados mostram que as famílias confiam na recuperação econômica para o próximo ano. “Essa melhora nos indicadores de curto prazo já está influenciando as expectativas de longo prazo. As pessoas já estão projetando melhoras em relação ao emprego e ao mercado de trabalho”, destaca Carneiro.

Mesmo com o ambiente favorável mostrado pela pesquisa, o momento é de colocar o pé no freio e ter consciência na hora de ir às compras de fim de ano. Pelo menos esta é a opinião da presidente do Movimento das Donas de Casa e Consumidores de Minas Gerais (MDC/MG), Solange Medeiros. Para ela, a injeção de dinheiro vinda do auxílio emergencial ajudou no aumento da perspectiva e intenção de consumo das famílias. No entanto, acredita que o consumo tem que ser feito com cautela e analisando riscos.

“Infelizmente as pessoas acham que a virada de ano significa uma colocação de uma barreira que impedirá que todos os problemas passem para o ano seguinte, o que não é verdade. É preciso analisar os gastos, porque nós conseguimos colocar barreiras para impedir estragos em nossas finanças consumindo de maneira racional”, esclarece a presidente do MDC/MG.

E esta linha de um consumo mais racional já está produzindo reflexos. A artesã Marisa Pacheco Teixeira tem um atelier, no bairro Caiçara, região Noroeste de BH. Este ano, com a pandemia do novo coronavírus, intensificou as vendas pelas redes sociais, mas mesmo assim viu o movimento de vendas cair em 40% em relação ao ano passado.

Comedida, dona Marisa afirma que o resultado nas vendas é fruto de um sentimento que está nas pessoas neste ano: o de comprar apenas o necessário. “As pessoas estão mais quietinhas dentro de casa. Estão com medo de se endividar. Eu mesmo estou com este sentimento. Sabemos que a vacina virá, mas ainda não sabemos como será o dia seguinte. Acho que todos estamos com uma pergunta na mente: como será o ano que vem? E assim, com essa dúvida, não tem como se arriscar”, explica a artesã.

*Com Agência Brasil