Sair do isolamento social, reencontrar familiares e ter menos risco de levar o novo coronavírus para casa. São esses alguns dos motivos que fazem com que parte da população deseje tomar a vacina contra a Covid-19. De acordo com pesquisa Datafolha, 73% dos brasileiros afirmam que vão lançar mão do imunizante assim que algum estiver disponível.
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Desenvolvimento rápido de vacinas contra a Covid-19 deixa parte da população com dúvida em relação sobre a eficácia dos compostos químicos
“Pode ser qualquer um, desde que comprovada a eficácia dele”, ressalta a jornalista Aline Beatriz Batista Lourenço, de 23 anos. “Eu gostaria de ter acesso à vacina para me sentir segura ao ir trabalhar e poder voltar a encontrar com familiares e amigos sem preocupação. Além disso, moro com uma pessoa que é do grupo de risco e fico com medo de trazer o vírus pra casa”, disse.
Na corrida para se proteger, teve até quem tentou uma vaga para ser voluntário na pesquisa para o desenvolvimento de vacinas, realizada pela UFMG. Foi o caso do porteiro Edmundo Lourenço Teixeira, de 65 anos, que faz parte do grupo de risco. “É só a vacina que nos livra da pandemia, e não tenho restrição a nenhuma, inclusive se for a da China”, comentou.
Forma mais eficaz
A imunização é, para especialistas, a forma mais eficaz para frear o contágio de doenças. “Já é praticado esse conceito. Foi a estratégia que permitiu controlar, de forma eficaz, doenças que eram responsáveis por grande parte de óbitos, seja de adultos ou crianças, como por exemplo o sarampo, a rubéola, a meningite. E temos essa possibilidade com o novo coronavírus”, ressalta o infectologista Bernardo de Almeida, do laboratório Hilab.
A expectativa da chegada de uma proteção é grande em todos os setores. De acordo com o médico, que também atua no Serviço de Epidemiologia Hospitalar e da Unidade de Urgência e Emergência Adulto do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), é necessário que cerca de 70% da população fique imune ao vírus. No Brasil, segundo ele, esse índice ainda está na casa dos 20%.
Para atingir a taxa ideal sem a vacina, será preciso percorrer um “longo e doloroso” caminho, declara Almeida. “Para as pessoas, para as famílias (que perdem seus familiares), para o sistema de saúde. Países que optaram por essa estratégia (imunidade de rebanho ou coletiva) desistiram dela. A Inglaterra começou e recuou. A Suécia ficou mais tempo, recuou. Viram que não era razoável fazer com que as pessoas se infectassem, porque foram muitos óbitos, colapso do sistema de saúde. A vacinação é uma forma alternativa, clara e inteligente para poupar vidas e cortar a transmissão do vírus”, explicou.
Composto chinês
O médico do Hospital das Clínicas da UFPR destaca, ainda, que o fato de as vacinas terem sido produzidas em tempo recorde não quer dizer que não sejam eficazes. Segundo ele, os estudos para a elaboração delas são bastante rigorosos, independentemente de onde elas venham.
Porém, entre a população, o temor gira em torno da Coronavac, que está sendo produzida pelo Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo, em parceria com o laboratório chinês Sinovac. De acordo com a pesquisa Datafolha, um imunizante já aprovado que tivesse sido desenvolvido pelo país asiático seria rejeitado por 50% dos brasileiros.
O infectologista da Hilab destaca que a China é um dos maiores produtores de vacinas em todo o mundo, muitas delas usadas em várias nações. “Existem outros fabricantes, inclusive no Brasil, que usam as que são produzidas na Índia. Mas ninguém sabe dessas origens”, complementa.
Esperança
A administradora e corretora de imóveis Rosilene Maria da Silva Passos, de 59 anos, afirma não se importar com a origem do composto químico. Ela, que há dez anos toma a vacina contra H1N1, tem pressão alta, glicose e há três anos fez a retirada da tireoide. “Insumos de outras vacinas que já tomamos por aqui vêm da China. Então, acredito que não teremos problemas”, disse a mulher, que tem esperança de ter as doses o mais rápido possível.
É o que também aguarda a servidora pública Luzia Assunção, de 56, em isolamento social desde março. “Assim que tiver a vacina quero tomar. Não aguento mais ficar em casa”, comentou.
Com informações do Hoje em Dia