Documento considera a hipótese de ‘eventos adversos’ causados pela nova vacina
Muito além de comprar seringas e agulhas, as preocupações do governo estadual de Minas Gerais a respeito da imunização contra a Covid também esbarram em questões de segurança e combate às notícias falsas, as chamadas fake news. Esse são alguns dos pontos que constam no Plano de Contingência Para Vacinação Contra Covid-19. O documento foi divulgado na íntegra hoje à noite pela Secretaria de Estado de Saúde (SES).
A divulgação aconteceu após pronunciamento do governador Romeu Zema (Novo). Na ocasião, o chefe do Executivo estadual comunicou sobre a compra de 50 milhões de seringas. A informação havia sido antecipada por O TEMPO. Zema também revelou a aquisição de 700 câmaras frigoríficas para armazenamento das vacinas. Dessas, 100 unidades devem ser entregues até dezembro, assim como a totalidade das seringas.
“Nós estamos fazendo a lição de casa para que quando a vacina chegue ela possa ser distribuída imediatamente para os 853 municípios. Não adianta a vacina chegar e a logística não estar pronta”, disse o governador. “Então já tem meses que a Secretaria de Estado de Saúde tem trabalhado na questão”, completou. O plano estadual em questão vem sendo anunciado pelo secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, desde setembro.
O documento divulgado ontem é formado por recomendações genéricas destinadas ao bom funcionamento de toda a rede de saúde estadual, e tem como objetivo organizar as ações de vacinação contra Covid em todos os 853 municípios mineiros. Como os laboratórios ainda não finalizaram os estudos sobre a eficácia das vacinas e nenhum país do mundo sabe qual imunizante será utilizado em sua população, o plano não trata especificamente sobre o calendário de vacinação, por exemplo. Vale lembrar ainda que a campanha de imunização é de responsabilidade do Ministério da Saúde, por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI).
A distribuição das vacinas no território mineiro é de responsabilidade do governo estadual, por isso constam no documento orientações sobre segurança, como a necessidade de escoltar o carregamento de vacinas e verificação de possíveis ameaças. Outra hipótese sugerida é realizar a vacinação em esquema de drive thru em algumas situações, de forma a evitar aglomerações. O uso de quatro caminhões refrigerados e um furgão pode ser acionado para o transporte dos imunizantes.
A preocupação com a desinformação é citada algumas vezes no plano governamental. As equipes de saúde estão atentas ao efeito maléfico que o negacionismo vem causando na cobertura vacinal, por isso são recomendadas estratégias de combate à disseminação de notícias falsas.
Efeitos adversos
As estratégias do governo citam ainda a hipótese de eventos adversos da vacina contra Covid, apesar de não haver nenhuma definição sobre o imunizante a ser aprovado no Brasil. A SES recomenda que seja ampliada a oferta de profissionais capacitados nesse tipo de atendimento. “Por se tratar de uma vacina nova, esta demanda será intensa”, informa o plano.
Outra informação já revelada anteriormente é a necessidade de criação de 14 Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (Crie), um em cada macrorregião de Minas Gerais. Na capital, o Crie irá funcionar no Hospital Eduardo de Menezes, com inauguração prometida para dezembro. O investimento nessas 15 unidades deve ser de R$ 7 milhões. Esses locais serão dedicados a atender pessoas com alguma necessidade específica de saúde e casos não contemplados pelo PNI.
É ressaltada no documento a necessidade de realizar busca ativa de pessoas pertencentes aos grupos prioritários da vacinação contra a Covid-19. A importância de atendimento de populações em vulnerabilidade, como moradores de rua, presidiários, indígenas e quilombolas, também é garantida pelo planejamento estadual.