Recebi recentemente uma série de materiais sobre a “Campanha da Fraternidade 2021”, promovida pelas lideranças das várias igrejas que fazem parte do CONIC (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs) – as igrejas participantes são as seguintes: Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil; Igreja Presbiteriana Unida do Brasil; Igreja Católica Apostólica Romana; Igreja Episcopal Anglicana do Brasil; Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia (Siríaca); Aliança de Batistas do Brasil; Igreja Betesda; e o Centro Ecumênico de Serviços de Educação Popular.
O tema da Campanha deste ano é “Fraternidade e diálogo: compromisso de amor” e o lema é “Cristo é nossa Paz: do que era dividido fez uma unidade”, baseado no início do versículo 14 do segundo capítulo da “Carta de São Paulo aos Efésios” (Ef 2,14ª) – nos materiais da Campanha destaca-se a preocupação com o exercício do diálogo como “caminho para a paz” em um mundo “marcado pela diversidade”.
É destaque também o fato de essa ser uma campanha ecumênica, ou seja: une pessoas de diferentes religiões e com diferentes ideias, crenças, perspectivas ou visões de mundo. O formato ecumênico da campanha, com parceria entre várias igrejas, tem sido realizado periodicamente desde o ano 2000, sendo este ano a quinta edição nesse formato (2000, 2005, 2010, 2016 e 2021) – o objetivo dessa forma de realização da Campanha da Fraternidade é exatamente promover o diálogo, o respeito e a interação entre as pessoas e os diversos grupos sociais e religiosos como forma de promover a paz.
No texto-base da campanha é lembrado que “a quaresma é tempo de exercício da fraternidade” e afirmado que “nesta quaresma somos chamados a crescer na capacidade de diálogo”, uma vez que o diálogo implica abertura, acolhida, escuta, capacidade de interação e, portanto, o diálogo é um compromisso de amor e um instrumento de promoção da paz.
Como objetivos da Campanha da Fraternidade 2021 podemos citar: descobrir a força e a beleza do diálogo como caminho para relações mais amorosas; denunciar as diferentes violências praticadas e legitimadas indevidamente, muitas vezes em nome de Jesus Cristo; comprometer-nos com as causas que defendem os cuidados com a natureza do Planeta Terra, que é a “nossa casa comum”; contribuir para superar as desigualdades; animar o engajamento e ações concretas de amor ao próximo; promover a cultura do amor como forma de superar a cultura do ódio; fortalecer a convivência e a comunicação inter-religiosa; estimular a convivência fraterna em meio às crenças, ideologias, concepções diferentes de mundo; compartilhar experiências concretas de diálogo e convívio fraterno.
As reflexões da Campanha têm como base o tripé ver-julgar-agir, que é proposto como uma forma de cada pessoa se relacionar com o mundo e com a realidade que nos cerca, de modo a buscar a tomada de consciência e a realização de ações concretas para a construção de uma sociedade mais justa e fraternal.
Entre os problemas da nossa sociedade que precisam ser enfrentados por meio do diálogo e do respeito, o texto-base destaca as várias formas de violência, intolerância, preconceitos, os impactos da pandemia do novo coronavírus, os vários tipos de desvios e corrupções, a violência que atinge principalmente jovens negros e mulheres, o desrespeito aos direitos sociais e aos direitos trabalhistas, a agressão ao meio ambiente, o desrespeito à dignidade humana e outros mais.
O texto-base da Campanha incentiva ações e atitudes para promover a justiça e a paz através da prática da caridade, do diálogo, do perdão, da compaixão e do convívio fraterno.
Por fim, são propostas iniciativas visando à prática do bem e à realização de “boas obras”, aí incluídas a oração, a realização de celebrações e de campanhas solidárias, estudos sobre ética e solidariedade, discussões e reflexões sobre a Bíblia e outros textos religiosos, o aprimoramento das relações interpessoais e a prática do “cuidar uns dos outros”.
Entre as muitas propostas de reflexões apresentadas no texto-base da Campanha da Fraternidade 2021, deixo aqui algumas perguntas para nossos leitores e nossas leitoras pensarem um pouco e buscarem também o seu crescimento como pessoas e como integrantes dessa sociedade tão complexa e que tanto precisa de diálogo e de paz :
* O que cada um de nós pode fazer para crescer na capacidade de diálogo (individualmente, na comunidade, nas famílias, no ambiente de trabalho, nos grupos religiosos e nos demais espaços ocupados e/ou frequentados por nós)?
* O que podemos fazer para estimular nossos filhos, parentes, amigos, alunos, fiéis de cada igreja, colegas de trabalho e demais pessoas com quem convivemos para que eles(as) também possam crescer em sua capacidade de diálogo?
* Quais são os obstáculos, as dificuldades, que cada um encontra para colocar em prática a experiência do diálogo?
* Quais as situações em que a própria experiência religiosa impede (ou dificulta) a possibilidade do diálogo?
ANO INTERNACIONAL DAS FRUTAS E LEGUMES
Reforçando o conteúdo do texto anterior, lembramos que a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) definiu 2021 como o “Ano Internacional das Frutas e Legumes” e deixamos aqui nosso incentivo para que todas as pessoas consumam mais frutas e legumes, frisando a necessidade de “alcançar a segurança alimentar para todos e garantir que as pessoas tenham acesso regular a alimentos de boa qualidade suficientes para terem uma vida ativa e saudável”. E lembramos também a frase destacada no sítio eletrônico da FAO (www.fao.org): “Acreditamos que todos podem desempenhar um papel na erradicação da fome”.
Até breve!
* Nivaldo Ferreira dos Santos é Mestre em Administração Pública, Professor, Líder Comunitário e Servidor Público