Sindicato Metabase realiza última assembleia do ano

No penúltimo dia do ano (30) o Sindicato Metabase Itabira realizou seu último dia de assembleia nas minas Cauê e Conceição da Vale S/A. Desta vez, os trabalhadores, no já conhecido sistema drive in, votaram e aprovaram pela continuidade do cálculo para pagamento da Participação nos Lucros e Resultados – PLR.

Apesar de não haver modificações, os trabalhadores foram às urnas para cumprir a determinação da votação anual para aceitação ou não do cálculo oferecido pela empresa. André Viana, presidente do Sindicato alertou para o fato: “Não foi tão simples, a empresa inicialmente apresentou algumas mudanças que trariam prejuízos aos trabalhadores.

Ainda na discussão da mudança do turno, ela apresentou proposta de redução do target (objetivo) de 3,5 para 2,5, para aqueles trabalhadores que trabalham no turno. Esta proposta reduziria o teto de sete para cinco salários de PLR. Eles (Vale) também disseram que o “gatilho era muito frouxo, pois facilmente os trabalhadores atingiam a meta, disparando o “gatilho” para cálculo de PLR. Frouxo é a barragem de Brumadinho, prova disso são as 270 mortes”, retrucou indignado André Viana durante uma das três reuniões para discussão da PLR.

A empresa retirou a proposta da redução do target e em seguida decidiu manter as condições para o “disparo do gatilho”, evitando aumentar em até sete meses o alcance pelo trabalhador. Flávio Carmo, diretor tesoureiro e responsável pela assembleia na mina Conceição disse que “não perder é um ganho” e explicou: “Desde o início de nossa gestão primamos em não perder nenhuma conquista, nenhum direito.

Temos feito disto uma meta e temos conseguido. No caso da PLR, discutimos o gatilho e o target e mantivemos os itens, fiéis como eram antes, sem trazer nenhum prejuízo aos trabalhadores. Em muitos casos, a empresa, além de não oferecer nada, quer tirar algo e isso o Metabase não aceita. Por isso insisto em dizer que “não perder é um ganho”, disse o tesoureiro.

A proposta da empresa foi aprovada por 1283 votos favoráveis, 221 contrários, e 6 entre nulos e brancos, totalizando 1510 votantes. Apesar da aprovação, André insiste em uma PLR igualitária: “… é um discurso que não abrimos mão, ou seja, distribuição da Participação em valores iguais para todos os trabalhadores, sem distinção. Se todos trabalham, todos merecem, principalmente os que agora vão dedicar 12 horas do seu dia para empresa, debaixo de sol, chuva, frio ou calor”.

O presidente do Metabase disse que a defesa se justifica “pelo fato de que todos trabalham unidos para atingirem suas metas. Operadores, mecânicos, engenheiros, diretores, todos trabalhadores produzem unidos. Se a meta for atingida é a prova que todos fizeram sua parte. Os chefões da empresa já recebem seus altos, gordos e belos salários. Inclusive em 2017 houve quem recebesse R$60 milhões de PLR.

A prova que a Vale trata todos com igualdade, sem discriminação de categoria seria a distribuição dos valores iguais a todos os trabalhadores. Chega de PLR classificada em cargos e salários”. Ele ainda defende um piso mínimo, garantido uma renda para os trabalhadores em caso de paralização da produção por motivos alheios (pandemia, rompimento de barragens, chuvas etc).

PLR

A PLR foi regulamentada pela lei 10.101/2000, mas já havia sido citada na Consolidação das Leis Trabalhistas, de 1946 e na Constituição Federal de 1988. A lei diz que a empresa poderá implantar o programa de PLR, com o objetivo de recompensar o funcionário pelos resultados obtidos pela empresa. O cálculo é feito por meio de uma fórmula: Resultado do fator Vale (varia de 0 a 1,333) multiplicado pelo resultado do Painel de Metas da empresa (varia de 0 a 1,5 notas atribuídas dependendo do cumprimento de metas estabelecidas para cada funcionário) multiplicado pelo Target (hoje em 3,5 salários-base mensal).