Superação e futuro: mulheres vítimas de violência se formam como camareiras pelo Projeto Laudelina

Vinte e oito mulheres vítimas de violência celebraram na noite desta quinta-feira (3) a formatura como camareiras. Elas receberam os certificados de conclusão do curso durante cerimônia realizada no Centro Estadual de Apoio às Vítimas (Casa Lilian) do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), em Belo Horizonte.

A conquista é resultado da Primeira Etapa do Projeto Laudelina, que tem o objetivo de acolher e encaminhar
mulheres em situação de violência
para capacitações gratuitas com oportunidades de ingresso no mercado de trabalho.

Um das formandas é Lilian da Silva Vianna. Ela foi vítima de uma tentativa de
feminicídio
por um ex-companheiro, situação que também colocou em risco a vida de seu filho. “Ao me formar nesse curso, outras portas estão se abrindo. Isso traz a certeza de que ninguém precisa ficar num relacionamento abusivo por questões financeiras e nem por dependência afetiva”, disse na cerimônia oferecendo a conquista ao filho Enzo.

“Desejo que você, meu filho, seja um homem respeitoso e que aprenda que o amor tem limites e que as vidas de todas as mulheres importam. Hoje tenho certeza de que quem ama não agride, quem ama não mata e de que a vítima não tem culpa”, declarou.

A coordenadora da Casa Lilian, promotora de Justiça Ana Tereza Giacomini, destacou, em seu discurso, a importância da formação de redes de apoio entre mulheres. “Nenhuma de nós precisa estar só, nenhuma de nós está só, nem na dor e nem nos sonhos”, afirmou.

O projeto

O projeto é inspirado na trajetória de Laudelina de Campos Melo, pioneira na luta pelos direitos das empregadas domésticas no Brasil.

“Laudelina nos ensinou o valor do coletivo, da articulação e da autonomia construída em comunidade. Fortaleça uma mulher, fortaleça uma rede inteira junto”. disse Giacomini, ressaltando que, a partir de agora, as formandas também podem ser multiplicadoras do que estão aprendendo nesse projeto.

Itatiaia