Vencer barreiras do preconceito com a idade

Capoeira e corrida mudam a vida de idoso

Há 45 anos, Geraldo Maria Gomes – conhecido como senhor Gomes –, 69 anos, saiu de sua cidade natal, em Diamantina/MG, em busca de trabalho. Uma pessoa de sorriso leve, acolhedora e de alto-astral, que sempre cativa todos por onde passa. Com a aposentadoria de um salário-mínimo, ele não conseguiu parar de trabalhar, pois tem filhos e netos que dependem de sua ajuda. Em seu lar, moram a esposa, cinco filhos e quatro netos.

Gomes é atendido pela Legião da Boa Vontade (LBV) no serviço Vida Plena em Belo Horizonte/MG, uma iniciativa com foco na longevidade saudável, que, além de ajudar idosos a construírem trajetórias significativas nessa fase da existência, os incentiva a não ficarem isolados, e sim ativos e participativos socialmente. 

A importância do convívio social

E isso se dá por meio da convivência, do compartilhar experiências e de dificuldades. “A gente trabalha a questão do respeito e da qualidade de vida de acordo com a subjetividade de cada um. Eles começam a pensar em suas histórias de vida, e isso amplia o repertório de resposta diante das situações vivenciadas”, comenta Jessyca Cristina, psicóloga da LBV na unidade. Na Instituição, esse assunto recebe o devido destaque em suas ações. Seguindo o ritmo do crescimento da população idosa brasileira, a LBV dobrou o número do seu trabalho social voltado a essa faixa etária, saindo de 15%, em 2021, para 33% do total de seu atendimento em 2022. No último ano, foram realizados 377.912 benefícios para idosos em todo o Brasil.

Disposição de criança

Sempre dinâmico, Gomes encontrou no esporte a forma de lidar com seus problemas: “O corpo fica mais ativo, e a mente, mais arejada. Você tem mais facilidade para raciocinar, tem equilíbrio, e a gente se sente seguro no que está fazendo. A corrida está no sangue, aprendi a correr e até hoje dou minhas corridinhas”.

Gomes tem muita energia e participa das mais diversas atividades oferecidas na unidade, a exemplo de capoeira, alongamento, exercícios aeróbicos, caminhadas, atividades musicais e artesanato. Além de maratonista, confessa com bom humor que está aprendendo o gingado da capoeira. Ele inclusive encoraja outros colegas a se manterem ativos nessa fase também, pois “é uma coisa que ocupa a mente; quando se tem sempre algo para fazer, a gente não pensa em besteira”. E foi exatamente o que encontrou no esporte, o respaldo de que necessitava e motivos a mais para ser feliz e experimentar novos caminhos.

 

Segredo do alto-astral

Seu segredo para manter o bom humor se resume a manter o pensamento positivo, ajudar as pessoas e focar no que é bom. Para aqueles que estão em sua faixa etária ou próximos dela, seu recado é claro: “Nunca desistam do seu objetivo, procurem socializar com outras pessoas, conversar e trocar uma ideia. Procurem fazer atividade física que é muito bom. Enquanto tiver vida, há esperança de qualquer coisa fazer”.